A imigração irregular proveniente da África com destino à Europa e que se transforma muitas vezes em tragédia na travessia do Mediterrâneo foi abordada hoje pelo Papa. Ao recordar que a travessia de há poucos dias parece ter ultrapassado os precedentes em número de vítimas, Bento XVI frisou que a migração é um fenómeno que remonta aos inícios da história humana e que sempre caracterizou a relação entre os povos, mas hoje transformou-se numa emergência que nos interpela: “Todavia, a emergência em que se transformou nos nossos tempos, interpela-nos, e, enquanto solicita a nossa solidariedade, impõe, ao mesmo tempo, eficazes respostas políticas”. Declarando-se informado das muitas acções que instâncias regionais, nacionais e internacionais estão a levar a cabo no sentido de enfrentar a questão das migrações irregulares, o Papa encorajou estas iniciativas….“A elas vão os meus aplausos e o meu encorajamento a fim de que continuem as suas meritórias acções com sentido de responsabilidade e espírito humanitário”. Sentido de responsabilidade da parte dos países de origem não só porque – disse o Papa – se trata dos seus cidadãos, mas também no sentido de remover as causas da emigração irregular, e de eliminar, pela raiz, todas as formas de criminalidade ligadas às migrações. Aos países europeus como também a outros países meta da imigração, Bento XVI recorda que devem desenvolver de comum acordo iniciativas e estruturas cada vez mais adequadas às necessidades dos migrantes irregulares. Estes últimos – prosseguiu o Papa – devem ser sensibilizados quanto ao valor da própria vida, que representa um bem único, sempre precioso, a deve ser sempre tutelado perante os gravíssimos perigos a que se expõem na procura dum melhoramento das suas condições de vida. Devem ser também sensibilizados quanto ao dever de legalidade que se impõe a todos”.
Enfim, um apelo a todos… o lançado hoje pelo Papa em matéria de imigração irregular…. “Como pai comum sinto o profundo dever de chamar a atenção de todos sobre o problema, e pedir a generosa colaboração de cada um e das instituições para enfrentar a questão e encontrar vias de solução. O Senhor nos acompanhe e torne fecundo os nossos esforços”.
Na alocução antes da oração mariana do Angelus, Bento XVI deteve-se, como dizíamos, na figura do Apóstolo Pedro, recordando que, contrariamente ao Evangelho de Domingo passado em que Pedro via em Jesus o Messias e Filho de Deus, desta vez Pedro parece ter uma fé ainda imatura. Com efeito, quando Jesus declara abertamente o destino que O espera – a morte na Cruz – Pedro protesta dizendo “Deus te livre disto Senhor… isto não há-de acontecer”. Dois modos opostos de pensar – sublinhou o Papa: Pedro na sua lógica humana acha que o Deus não permitirá que o seu Filho morra na Cruz, enquanto que Jesus sabe que deve morrer nessas condições para salvar a humanidade; mas sabe também que ressuscitará. É que a gravidade do mal humano exige este sacrifício para restabelecer o reino de Deus na Terra… “É de facto com a sua morte e Ressurreição que Jesus derrubou o pecado e a morte restabelecendo a senhoria de Deus”. Mas a luta não terminou ainda. O mal existe e resiste em todas as gerações, mesmo nos nossos dias – frisou Bento XVI - esclarecendo em tom interrogativo: “O que são os horrores da guerra, as violências sobre os inocentes, a miséria e a injustiça que afecta os fracos, senão a oposição do mal ao Reino de Deus? E como responder a tanta malvadez senão com a força desarmada do amor que vence o ódio, com a força da vida que não teme a morte? É a mesma misteriosa força de que Jesus se serviu, a custo de não ser compreendido e de ser abandonado por muitos dos seus”.
O Papa concluiu a sua alocução recordando a todos que para levar a cabo a obra da salvação, o Redentor continua a associar a Si à Sua missão homens e mulheres dispostos a tomar a sua cruz e a segui-Lo. Não se trata de uma opção facultativa, mas duma missão que deve ser abraçada por amor. Cristo continua a convidar-nos, também no mundo de hoje, marcado por forças que dividem e destroem, a renegarmos o nosso próprio egoísmo e a segui-Lo, Bento XVI pediu ainda a Nossa Senhora que nos ajude nesta caminhada. Como habitualmente, o Papa saudou os peregrinos presentes e os que o seguem através da rádio e da televisão em diversas línguas.
Falando em espanhol dirigiu uma palavra particular a Cuba… “Saúdo cordialmente os fieis de língua espanhola, em particular os Pastores da querida Nação Cubana, que ontem inauguraram solenemente o triénio preparatório da celebração dos quatrocentos anos da descoberta e da presença da venerada imagem de Nossa Senhora da Caridade do Cobre…” O Papa disse recordar nas suas orações todos os amados filhos e filhas daquela Nobre Nação, recomendando-os que sigam o exemplo de Maria Santíssima, que acolham a Palavra de Deus na sua vida quotidiana, que a imitem, que a ponham em prática quotidianamente e que sejam missionários do Evangelho em qualquer circunstância da vida. Nesta interessante caminhada, acompanho-vos com afecto e proximidade espiritual – concluiu o Papa invocando a bênção de Deus para Cuba e os cubanos. “Que Deus bendiga Cuba e todos os cubanos”.
(Fonte: Radio Vaticana)