«Creio para compreender e compreendo para crer melhor» (Santo Agostinho, Sermão 43, 7, 9) (Santo Agostinho, Sermão 43, 7, 9)

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Mai 10
A peregrinação em Portugal abre uma nova etapa deste pontificado

No pontificado de Bento XVI, haverá o “antes” e o “após” a sua peregrinação apostólica a Portugal: é o que resulta dos contactos com os peritos em informação religiosa ou das suas crónicas e impressões, quer sejam favoráveis ou hostis ao pensamento de Joseph Ratzinger.

Nas vésperas desta visita, todos estavam de acordo em dizer que o Papa iniciava a sua décima quinta viajem apostólica internacional (de 11 a 14 de Maio), em circunstâncias particularmente desfavoráveis, devido à “assustadora” crise que a Igreja católica viveu nestes últimos meses após as divulgações de abusos sexuais cometidos contra menores por membros do clero.

Uma fortaleza inesperada

Desde o primeiro dia da viagem, certos meios de comunicação social, que haviam lançado ataques sem precedentes contra um papa, tomaram consciência que algo estava a mudar radicalmente. O “New York Times” publicava, a 11 de Maio, na Internet uma crónica de Rachel Donadio, na qual a jornalista considera que as palavras do bispo de Roma aos jornalistas como sendo as mais duras pronunciadas sobre o tema.

“Os ataques 'não vêm somente do exterior' constatava o Papa, mas 'os sofrimentos da Igreja vêm do interior da mesma da Igreja, do pecado que existe na própria Igreja'. E a crónica recordava as medidas recentes tomadas pelo Papa para purificar a Igreja.

“Trata-se de um exemplo claro da mudança que o Papa está a imprimir no Vaticano”, comenta John L. Allen Jr., vaticanista do semanário americano National Catholic Reporter.

Miguel Mora, correspondente no Vaticano do diário madrileno “El País”, um dos jornais europeus menos contemporizador para com o papado, numa análise intitulada “o gladiador solitário ", apresentava o Santo Padre assim: “Enquanto que os escândalos de pedofilia encobertos pelo clero desencadeavam a pior crise que a Igreja conheceu desde há décadas, Ratzinger deu o melhor de ele mesmo”. E o correspondente do jornal reconhecia neste Papa “a coragem e a ferocidade de um gladiador solitário, incomuns num homem de 83 anos”, “ na purificação de uma Igreja “pecadora”.

O afecto do fiéis em números

A mudança de atitude dos jornalistas é reforçada pelos números surpreendentes da visita papal. O Pontífice reuniu no recinto do Santuário de Fátima, a 13 de Maio, uma multidão de mais de meio milhão de pessoas, ou seja, cem mil mais que em 2000, aquando da última peregrinação de João Paulo II a Fatima, para a beatificação de Jacinta e Francisco.

Em Lisboa, o Papa reuniu umas 200 000 pessoas na Missa, e cerca de 120.000 no Porto. Contando todas as pessoas presentes ao longo das ruas nas três localidades visitadas, chega-se provavelmente ao milhão. Num país de 10 milhões de habitantes, foram 10% entre eles que encontraram o Sumo Pontífice.

Bento XVI até então desconhecido

Desta vez, os meios de comunicação social não viram na timidez do Papa um hóspede frio. Bem pelo contrário, aperceberam-se do seu lado mais íntimo, em especial quando o viram ajoelhar-se, a 12 de Maio, diante da Virgem, na Capela da Aparições em Fátima. Jean-Marie Guénois, cronista sobre religião do Figaro, que se encontrava então a alguns metros do Papa, imortalizou estes minutos em que Bento XVI ofereceu à Virgem a rosa de ouro e prata.

“Seguidamente, como que se transformou no momento em que o seu assistente lhe entregou o famoso presente para que o depusesse aos pés da estátua. E nesse instante, não era mais um Papa mas uma criança. Avançou com o sorriso de uma criança pequena na festa do Dia Mãe ”. Bento XVI depositou este presente aos pés da Virgem e rezou: “Longos minutos paradoxais em que se associam à ausência, uma surpreendente presença e o silêncio”.

“Ao redor, quase 300.000 pessoas vibravam em consonância”, prossegue o cronista. O seu mestre de cerimónias veio então e pegou-lhe delicadamente pelo braço: “A criança voltou a ser o Papa”.

No voo papal de regresso a Roma na tarde de Sexta-feira, Octávio Carmo, da agência de imprensa católica portuguesa “Ecclesia”, escolhe igualmente este momento para resumir esta peregrinação: “É sem dúvida a viagem que melhor define o pontificado de Bento XVI: homem que surpreende as multidões que não o conhecem, mas que se revela mais intensamente em privado”.

A missão profética de Fatima não está terminada

Andrea Tornielli, vaticanista do diário italiano “Il Giornale”, sublinhou as palavras da homilia que o Papa pronunciou a 13 de Maio, quando preveniu “o que pensava que a missão profética de Fátima estava terminada enganava-se”, considerando que a mensagem da Virgem não se limita ao atentado de 1981 contra João Paulo II.

Na sua famosa conferência de imprensa no avião, Bento XVI reconheceu que no texto do terceiro segredo Fátima “vê-se a necessidade de uma paixão da Igreja, que naturalmente se reflecte na pessoa do Papa”.

Quinta-feira, aquando do seu encontro com os bispos de Portugal, Bento XVI apresentou assim a sua missão à luz de Fátima: “O Papa tem necessidade de se abrir sempre mais ao mistério da Cruz, abraçando-o como a única esperança e o meio final para ganhar e reunir no Crucificado todos os irmãos e irmãs em bondade”.

Após ter deixado transparecer emoções tão profundas, uma nova etapa do pontificado Bento XVI começa, pelo menos para os profissionais da informação religiosa.

João THEMUDO BARATA

(Fonte : ‘Zenit’ edição francesa do dia 17 de Maio de 2010 com tradução de JPR) </p>
publicado por spedeus às 13:50

«Dá "toda" a glória a Deus. - "Espreme" com a tua vontade, ajudado pela graça, cada uma das tuas acções, para que nelas não fique nada que cheire a humana soberba, a complacência do teu "eu".» São Josemaría Escrivá – Caminho, 784 O ‘Spe Deus’ tem evidentemente um autor que normalmente assina JPR e que caso se justifique poderá assinar com o seu nome próprio, mas como o verdadeiramente importante é Deus na sua forma Trinitária, a Virgem Santíssima, a Igreja Católica e os seus ensinamentos, optou-se pela discrição.
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