Depois, lá, todas as pessoas dão sessões e não vão só pessoas do Opus Dei, vai todo o tipo de gente e o ser-se católico não é um elemento seleccionador. A formação espiritual, contudo, está inspirada nos ensinamentos de São Josémaria Escrivá.
IM - Sim. Para as pessoas da ilha, não tanto, porque têm raízes cristãs muito pouco profundas. Não damos catequese às crianças. Este ano, queremos fazer um grupo de jovens e uma coisa mais dinâmica, também nessa perspectiva. As voluntárias têm uma formação espiritual diária e temos um sacerdote que vai connosco, que celebra a missa todos os dias, para as voluntárias que quiserem. Temos um momento de meditação, orientada pelo sacerdote, há confissões e meios de formação espiritual semanais, durante a estadia e antes, durante a preparação para o projecto.
P1 - O Opus Dei tem ligação directa ou, como neste caso, indirecta, a vários projectos sociais que apostam na formação profissional como prioridade. Porquê?
IM - Tem a ver com os princípios do movimento, que passa pela santificação do trabalho profissional e do que cada pessoa tem entre mãos, que pode ser o trabalho da casa, pode ser o trabalho de um advogado, de um médico, de uma enfermeira… O que o Opus Dei diz é que há uma chamada universal à santidade através da santificação do trabalho profissional de cada pessoa.
P1 - O Opus Dei é visto normalmente como um movimento essencialmente de formação pessoal e de aprofundamento espiritual. Que importância tem o voluntariado e a acção social para o movimento?
IM - O voluntariado e acção social têm uma importância de enriquecimento da pessoa, como um todo, porque o que se vê é que uma pessoa que se oferece como voluntária para um determinado trabalho cresce em todos os outros âmbitos da sua vida, tanto a nível profissional, como a nível pessoal. Porque cresce em virtudes humanas, em espírito de sacrifício, fortaleza, perseverança e a nível doutrinal, porque, pelo facto de darmos catequese nos voluntariados, preparamo-nos a nós próprios.
Portanto, a vertente de voluntariado já por si oferece um leque de contributo para a própria pessoa humana que é muito bom a todos os níveis.
Filipe d’Avillez
(Fonte: ‘Página 1’, grupo Renascença, na sua edição de 29 de Julho de 2010)